quinta-feira, 24 de abril de 2008

Desejo vs. Realidade

"Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são. Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é? Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim: - Senhor, não tem umas moedinhas? - Não tenho, menino. - Só uma moedinha para comprar um pão. - Está bem, eu compro um. Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail. Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas. Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos. - Senhor, peça para colocar margarina e queijo. Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali. - Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem? Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora. O peso na consciência, impedem-me de o dizer. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele. Então sentou-se à minha frente e perguntou: - Senhor o que está fazer? - Estou a ler uns e-mail. - O que são e-mail? - São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses): - É como se fosse uma carta, só que via Internet. - Senhor você tem Internet? - Tenho sim, essencial no mundo de hoje. - O que é Internet ? - É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual. - E o que é virtual? Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas. - Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse. - Que bom isso. Gostei! - Menino, entendeste o significado da palavra virtual? - Sim, também vivo neste mundo virtual. - Tens computador?! - Exclamo eu!!! - Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual. A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia. Isto é virtual não é senhor??? Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino acabasse de literalmente 'devorar' o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um 'Brigado senhor, você é muito simpático!'. Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos! "

terça-feira, 22 de abril de 2008

Desculpem mas não resisti...

Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro.” José Saramago

Se abrisses os olhos já ajudava.

Coitado do Carl Sagan

“Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.” Carl Sagan
Nada mais verdadeiro, quando aplicado aos ateus que de forma clara têm demonstrado a sua não-vontade de acreditar naquilo que é por demais evidente - A realidade de Deus.
É por demais evidente que o ateísmo se compõe de gente com uma 'profunda necessidade de acreditar' que estão certos nos seus pressupostos. Essa necessidade torna-se evidente na atitude de cegueira auto-infligida perante as evidências. Alguém disse que o pior cego é o que não quer ver.
Na verdade a crença em dogmas como o de Carl Sagan, é uma contradição com aquilo a que se propõe. É este um dos erros que mais descredibiliza a postura teimosa, do ateísmo; mina sua própria proposta. Quem assim pensa evidencia não uma postura cientifica mas sim uma teimosia férrea, negando inclusive a sua própria lógica. É lamentável que alguém sucumba a esse auto aprisionamento.
Uma vez reitero o que se afirma num dos artigos deste blogg: é a verdade que liberta.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Conflitos...

Muito se tem dito e escrito acerca da impossibilidade de conciliar Fé e Ciência. As posições têm-se extremado e pelo meio da discussão muitos disparates têm sido ditos e muitos erros cometidos. Parece-me ser uma regra de ouro, para a discussão de qualquer assunto, evitar cair em dogmatismos. Assim, partindo da premissa de que Deus é real e interveniente na Sua criação, e que a ciência é uma 'ferramenta' do intelecto humano que nos permite entender os processos divinos, conclui-se que sempre que chegarmos a alguma contradição entre ciência e fé, o erro terá que estar forçosamente nos limites presentes do observador e não na realidade observada.
Naturalmente que tanto para o defensor da fé como para o defensor da ciência se requer uma atitude intelectualmente honesta, e não preconceituosa; o que de facto tem acontecido ao longo do debate, felizmente não de forma generalizada, é que uma ou outra tomada de posição tem sido baseada numa escolha ou preferência e não nos factos. Por isso se tem caído em extremos de parte a parte.
Mas então como eliminar o conflito?
De facto não é por saber explicar e compreender a forma e funcionamento de um determinado mecanismo/processo que se lhe anula a existência de um criador/idealizador. Por outro lado é verdade que a falta de entendimento acerca de um processo tem levado à sua divinização, muitas vezes precipitada.
Resta então para uns a extrapolação das suas conclusões cilindrando o óbvio com a força parcial e temporária de suas conclusões, enquanto para outros resta o exagero de suas convicções toldando-lhes o entendimento e levando-os ao suicidio intelectual negando as evidências cientificas.
Quanto a mim, e tomando uma posição, não me parece que alguma vez a Ciência (honesta e sem preconceitos), venha a negar um facto de Fé acerca de Deus (refiro-me ao Deus Bíblico, não ao das religiões), pelo contrário, encontro segurança nos progressos e avanços científicos que prestam um excelente serviço ao revelar-nos os 'mistérios' de Deus. Creio que um Deus Grande e Maravilhoso, que criou todas as coisas, inclusivamente o intelecto humano, não anda a esconder-se de Sua criação. Vejo no intelecto científico não uma forma de desvirtuar Deus, mas antes, e uma vez mais, um instrumento criado por Deus, para que O encontremos, seja no mistério da Vida, do Universo, ou da Humanidade.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Citando...

Uma citação para reflexão de todos nós:
"Um cristão incoerente é mais infeliz que um ateu coerente."*

A realidade é que o oposto também é verdade: Um cristão coerente pertence de facto ao povo mais feliz da terra.
A verdade da vida que proclamamos como Cristãos, deve ser tão ou mais notória que o ruído das nossas palavras.

*Charles Colson - 'O Cristão na cultura de hoje'